Muita gente te olha esperando o que tem a dizer. Você olha de volta tremendo por dentro, tentando não transparecer a sua vontade de sair correndo dalí.
-E se eu falar alguma besteira, o que vão dizer?
A situação descrita pode ser uma reunião na empresa ou uma conversa em inglês. O medo do julgamento está alí.
“-Quando a gente chegar lá não fale nenhuma besteira!” - alguém disse.
Mas o que é besteira? Você se perguntou quando criança.
Na dúvida, decidiu ficar calado. Supôs que era melhor do que levar bronca e passar vergonha na frente dos outros. Isso você leva pela vida, mesmo que inconscientemente.
Não julgo, de forma alguma, a recomendação da mãe, pai, responsável, educador. É uma tarefa difícil educar. Tendemos a passar para frente o que recebemos, né? Além do mais, o medo de se expressar pode ter muitas causas.
Mas chamo aqui a atenção para reflexão de pais e educadores (aí eu me incluo também), para que reflitam para escolher palavras melhores, para dar instruções mais claras, que colaborem para o desenvolvimento do pensamento crítico e não estagnação das nossas crianças. Acredite. Elas acreditam no que ouvem das suas referências, e levam para a vida adulta o que ouvem.
Se você já é adulto e sofre para se expressar em público, há algumas estratégias, como:
Exercícios de respiração que diminuem a ansiedade (tem um monte de vídeo sobre isso na internet).
Escreva um discurso e o reproduza olhando para o espelho.
Chame alguém de sua confiança para ser seu expectador, e fale para ele, como se fosse em uma situação real. Peça o feedback.
No caso do discurso em inglês, um professor particular ajuda muito, pois a atenção é só para você, você se sente menos ansioso e ele pode te dar o feedback dos pontos a desenvolver.
Todo mundo tem a necessidade de ser ouvido, de sentir que a sua opinião importa. Se expressar abre portas para possibilidades e também liberta de realidades que nos puxam para baixo.
Então, da próxima vez, que tal mudar o discurso de recomendação para o seu filho para:
“-Pense, antes de falar.”
Talvez uma pérola daquelas surja mesmo assim, afinal faz parte da autenticidade da criança. Mas o que importa é que a autoconfiança em se expressar permaneça em construção; e ela é construída a longo prazo.
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