Ventos da pandemia, relâmpagos na economia, terremotos na política, enxurradas de fake news...
O que você pretende colher após essa tempestade?
Quando a gente é criança e algum fenômeno natural nos assusta, saímos correndo com medo do desconhecido. Então abraçamos as pernas de alguém que confiamos, olhando para cima, pedindo proteção.
Nesses dias tivemos que correr para dentro de casa e o abraço não vem sendo lá muito bem visto.
Os fenômenos que estão lá fora, embora não tão naturais, nos fizeram parar. E olhar pro nada, percebendo que na verdade conseguimos controlar pouca coisa, mas que ainda assim podíamos fazer algo pequeno e importante, como ficar em casa. E não tendo pra onde correr, tivemos que aprender a lidar com as tempestades externas. Com as internas também.
À medida que crescemos, passamos a temer menos o incontrolável, porque alguém nos ajuda a significá-lo. Estudamos as ciências que o descrevem. Entendendo o mecanismo julgamos ter o controle sobre o fenômeno (bobinhos crescemos, não?) Na maior parte do tempo essa significação acontece por meio da escola que (oh God!) também foi afetada por essa tempestade.
Mais um trabalho para a adaptação, que exige boa vontade também.
É fácil? Nem um pouco.
O fato é que crescer dói e incomoda...
Sabia que realizar uma tarefa (mesmo que simples, como escovar os dentes) de uma maneira diferente (com a outra mão, por exemplo) é um exercício fantástico para o cérebro? No começo é bem ruim, não fazemos com a mesma maestria, mas com o tempo nos surpreendemos com o resultado.
Não prometo que você vai virar um X-men de tanta coisa que você tá tendo que aprender a fazer de forma diferente...mas uma coisa eu te digo:
Como é delicioso o fruto da adaptação! A sensação de ser capaz e conquistar mesmo quando as condições não são as melhores.
Há quem espere as melhores condições para agir e recomeçar. Mas..e se elas nunca mais forem as mesmas?
Embora a gente queira ser abraçado nesse momento, agora nos é exigido um pouco de coragem, boa vontade e fé. É a nossa vez de termos as pernas abraçadas por alguém que espera por proteção. Nem sempre esse alguém é uma criança. Seja forte!
Comments